Considerada uma das causas mais comuns de infertilidade masculina, a varicocele é uma condição em que varizes se formam no cordão espermático, estrutura que sustenta os testículos.
As varizes levam a uma alteração da circulação sanguínea no testículo, provocando alterações na produção dos gametas masculinos.
No entanto, ainda que seja assintomática nos estágios iniciais, o que dificulta o diagnóstico precoce, a varicocele pode ser corrigida cirurgicamente e a fertilidade restaurada na maioria dos casos.
Entenda, neste texto, como é realizada a correção de varicocele, as causas que provocam a formação de varizes, os sintomas que indicam a necessidade de procurar auxílio médico e os métodos diagnósticos.
Causas de varicocele
Embora as causas da varicocele sejam desconhecidas, diferentes teorias explicam a formação de varizes. A mais aceita por especialistas, por exemplo, justifica o alargamento das veias característico das varizes como resultado do funcionamento inadequado das válvulas, que provocam o refluxo de sangue e, consequentemente, o problema.
O mecanismo pelo qual a varicocele afeta a qualidade e a produção dos espermatozoides é incerto. Teorias sugerem que isso acontece pelo aumento de radicais livres na circulação intratesticular, pelo aumento da pressão venosa devido a insuficiência das veias ou até por um possível aumento da temperatura dos testículos.
A varicocele pode ocorrer em qualquer idade, mas geralmente é mais comum na puberdade. Em estágios mais avançados, provoca a atrofia do testículo afetado e prejuízo de suas funções.
Os principais sinais que alertam para a possibilidade de varicocele são a dilatação das veias (às vezes se tornam visíveis a olho nu), a alteração do espermograma e a atrofia testicular. Varicocele não é causa comum de dor testicular.
Como a varicocele é diagnosticada?
O diagnóstico de varicocele inicia no exame físico a partir da realização da manobra de Valsalva, expiração com lábios e nariz tampados, que evidencia as varizes quando elas estão presentes.
Além disso, o teste é importante para classificá-las de acordo com o grau de desenvolvimento:
• Grau I: quando as varizes ainda são pequenas e palpadas apenas com a manobra de Valsalva;
• Grau II: quando elas possuem tamanhos moderados e são palpadas facilmente sem a manobra de Valsalva;
• Grau III: quando são palpadas e visualizadas facilmente.
A assimetria testicular também é um indicativo de varicocele, confirmada pelo exame físico, e, assim como o grau de desenvolvimento, é importante para determinar a abordagem terapêutica mais indicada em cada caso.
Após a realização da manobra de Valsalva, para confirmar o diagnóstico, outros exames podem ser solicitados. Os mais comuns são o ultrassom com doppler, que avalia a circulação dos vasos sanguíneos e o fluxo de sangue, e o doppler estetoscópio, que possibilita auscultar um ruído característico de refluxo venoso quando a manobra de Valsalva é executada.
Se a varicocele causar infertilidade, o espermograma, exame padrão para avaliar a fertilidade masculina, também é indicado. Ele analisa a qualidade seminal e critérios dos espermatozoides como concentração, motilidade e morfologia. O resultado também contribui para a definição do tratamento.
Como a correção da varicocele é realizada?
A correção de varicocele é indicada em graus mais avançados, quando as varizes provocam infertilidade e alterações no espermograma. Em estágios iniciais, geralmente a recomendação é a observação periódica do problema.
A correção de varicocele tem como objetivo a oclusão das veias que drenam o testículo afetado, para que o sangue crie caminhos alternativos e realize o processo. A técnica mais utilizada atualmente é a microcirurgia subinguinal, um procedimento minimamente invasivo que utiliza um microscópio intraoperatório para facilitar a identificação das estruturas do cordão inguinal. Também chamada varicocelectomia subinguinal assistida por microscópio, registra taxas inexpressivas de lesões ou recorrência, assim como apresenta os maiores índices de sucesso quando comparada a outros procedimentos.
Para avaliar o sucesso da cirurgia e a melhora da produção dos gametas masculinos, cerca de três meses depois o espermograma é novamente realizado. A fertilidade é restaurada na maioria dos casos, da mesma forma que as taxas de gravidez costumam aumentar. Se a gravidez não ocorrer, é possível contar ainda com a FIV (fertilização in vitro) com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), que possibilita a recuperação dos espermatozoides diretamente do ejaculado ou dos testículos.
A FIV com ICSI revolucionou o tratamento de infertilidade masculina por fatores mais graves e contribuiu para aumentar os percentuais de sucesso gestacional registrados pela FIV clássica, já considerados bastante expressivos.