Azoospermia

A ausência total de espermatozoides no sêmen ejaculado é o que define a azoospermia. Esta condição incomum pode ser causada por obstruções que impedem o transporte dos gametas masculinos para o líquido seminal (azoospermia obstrutiva) ou quando há interrupção e diminuição da produção (azoospermia não obstrutiva).

Ainda que seja um dos principais fatores de infertilidade masculina, por ser assintomática, na maioria dos casos a azoospermia é descoberta apenas diante da tentativa frustrada de engravidar a parceira.

Este texto aborda a azoospermia. Explica o que provoca cada tipo, os sintomas que indicam a necessidade de procurar auxílio médico, diagnóstico e tratamento.

Sintomas que alertam para a azoospermia

Veja alguns sintomas característicos de infertilidade masculina que podem alertar para a possibilidade de azoospermia, indicando a necessidade de procurar auxílio médico:

• Anormalidades na função sexual: dificuldade para ejacular, ejaculação em pequenos volumes, disfunção erétil;

• Diminuição do desejo sexual;

• Dor nos testículos;

• Inchaço ou presença de nódulo nos testículos;

• Secreções penianas;

• Diminuição de pelos faciais e corporais;

• Crescimento anormal da mama (ginecomastia);

É importante ficar atento à manifestação de qualquer sintoma. Eles podem ocorrer isoladamente ou em associação.

Causas que provocam cada tipo de azoospermia

A azoospermia obstrutiva é também chamada pós-testicular. Cistos, tumores, inflamações que ocorrem no epidídimo (epididimite) ou nos testículos(orquite), por exemplo, podem causar os bloqueios que dificultam o transporte dos espermatozoides para o líquido seminal. A causa mais comum de azoospermia obstrutiva é vasectomia. As inflamações tendem a resultar em aderências, provocando a obstrução, e frequentemente são consequência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) pregressas, como gonorreia e clamídia.

Subdividida em pré-testicular e testicular, na azoospermia não obstrutiva diferentes causas provocam a diminuição da produção dos espermatozoides em cada subtipo.

Na azoospermia pré-testicular, embora os testículos sejam normais, eles não produzem espermatozoides. O problema é motivado por desequilíbrios nos níveis dos hormônios sexuais masculinos, que podem ocorrer como consequência de distúrbios na hipófise e no hipotálamo ou de doenças genéticas.

Na azoospermia testicular, ao contrário, são defeitos na estrutura e no funcionamento dos testículos que provocam alterações na produção dos gametas. Eles geralmente resultam de doenças como caxumba, diabetes, cirrose hepática e insuficiência renal, de lesões ou tumores nos testículos, de condições como a varicocele e de tratamentos para o câncer, além das causas genéticas.

Como a azoospermia é diagnosticada?

Para diagnosticar a azoospermia, são realizados exames laboratoriais e de imagem:

Teste hormonal: analisa os níveis de hormônios sexuais masculinos e dos hormônios comunicadores com estruturas cerebrais como hipotálamo e hipófise;

Exames sorológicos: possibilitam a detecção de bactérias sexualmente transmissíveis que podem provocar inflamações;

Espermograma: permite a detecção da ausência de espermatozoides no sêmen, além da análise do volume, presença de leucócitos em quantidade aumentada e determinação do PH (parâmetros que pode ajudar a definir a causa da azoospermia);

Os exames de imagem, por outro lado, são realizados com o propósito de detectar os bloqueios que impedem o transporte dos espermatozoides. Geralmente são indicadas a ultrassonografia dos testículos com Doppler e eventualmente a ressonância magnética (RM).

A partir dos resultados diagnósticos é possível identificar o tipo de azoospermia e o tratamento mais indicado para cada caso.

Quais são os tratamentos para azoospermia?

O tratamento de azoospermia é realizado pela administração de medicamentos, por cirurgia ou fertilização in vitro (FIV) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI):

Por medicamentos

Medicamentos hormonais são administrados para reequilibrar os níveis dos hormônios sexuais masculinos. Se a causa for infecciosa, é prescrito antibiótico, indicado de acordo com cada tipo de bactéria. Em caso de ISTs, o médico indicará o tratamento da parceira, uma vez que pode haver recontaminação.

Por cirurgia

A cirurgia é indicada para a remoção de aderências, cistos ou tumores que podem provocar a obstrução, para reconstruir e reconectar os ductos, nos casos em que eles são danificados.

Por FIV com ICSI

Na maior parte dos casos, a produção de espermatozoides não pode ser normalizada, então a indicação passa a ser o tratamento por FIV com ICSI, que possibilita a recuperação de espermatozoides do epidídimo ou dos testículos, utilizando-se diferentes abordagens cirúrgicas.

A coleta dos espermatozoides do epidídimo pode ser realizada pela técnica de PESA, percutaneous epididymal sperm aspiration ou aspiração percutânea de espermatozoides do epidídimo, que utiliza uma agulha fina conectada a uma seringa para coletar os espermatozoides.

Trata-se de procedimento mais simples, sendo realizado com o uso de anestesia local ou sedação.

Nos testículos, os gametas masculinos são recuperados pelas técnicas TESE e Micro-TESE.

TESE, testicular sperm extraction ou extração de espermatozoides dos testículos, prevê a coleta de espermatozoides por biópsia aberta, em ambiente hospitalar, preferencialmente com anestesia geral com sedação. Uma incisão na bolsa testicular expõe os testículos e extrai os túbulos seminíferos que podem conter espermatozoides. O procedimento pode ser repetido em diferentes locais e em ambos os testículos, até que uma quantidade suficiente de espermatozoides seja coletada para a FIV com ICSI.

Micro-TESE, microdissection testicular sperm extraction ou extração de espermatozoides por microdissecção testicular, se diferencia da TESE por ser realizada com o auxílio de um microscópio, que permite melhor avaliação dos túbulos seminíferos.

Nos tratamentos de FIV com ICSI, após a coleta, óvulos e espermatozoides são fecundados em laboratório. Os espermatozoides são avaliados individualmente com o auxílio de um microscópio de alta potência e resolução. Depois da análise, são injetados diretamente no citoplasma do óvulo por um aparelho de alta precisão denominado micromanipulador de gametas.

Compartilhar